A instalação de sistemas solares flutuantes em apenas 1% da superfície dos reservatórios hidrelétricos brasileiros poderia adicionar até 38 gigawatts (GW) de capacidade à matriz elétrica nacional. A projeção faz parte de estudo inédito da PSR, intitulado “Accelerating the Brazilian Energy Transition – Solar-Hydro Synergy: An Iconic Renewable Study”, que analisa o potencial técnico, econômico, regulatório e ambiental da integração de sistemas solares fotovoltaicos flutuantes (FPV, na sigla em inglês) a usinas hidrelétricas no país.
“A integração entre hidrelétricas e sistemas solares flutuantes ou próximas de reservatórios é uma opção estratégica para o Brasil avançar na transição energética com eficiência e sustentabilidade”, afirma Rafael Kelman, diretor executivo da PSR. “Trata-se de uma oportunidade para usar a infraestrutura já existente para expandir rapidamente o uso de fontes renováveis”.
O estudo identificou um potencial teórico de geração “infinito” (de 2.265 GW a 3.800 GW) com a instalação de sistemas de FPVs em toda a superfície de reservatórios hidrelétricos do país. É mais de dez vezes superior à capacidade instalada atual do Sistema Interligado Nacional (SIN), de 235 GW, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Do ponto de vista econômico, os projetos de FPV mostram-se viáveis, especialmente em cenários com preços elevados de energia no mercado de curto prazo. O potencial econômico varia entre 17 GW, em um cenário de preços fixos, e 24 GW, quando se considera a média histórica dos preços spot de eletricidade no Brasil.
Do lado ambiental, o estudo aponta que os sistemas flutuantes podem reduzir a evaporação da água entre 30% e 50%, dependendo da área coberta do reservatório, contribuindo com a conservação de água para a geração hidrelétrica, embora o ganho direto de produção de eletricidade com a água economizada seja modesto.
A operação híbrida entre sistemas solares flutuantes e usinas hidrelétricas também traz sinergias importantes, como perfis de geração complementares e uso compartilhado da infraestrutura de escoamento, o que pode reduzir custos de conexão e facilitar a integração das fontes.
O Custo Nivelado de Energia (LCOE, na sigla em inglês) de um sistema solar flutuante (R$ 374/MWh) ainda é superior ao de um sistema solar terrestre (R$ 343/MWh), principalmente devido ao maior valor de investimento inicial. No entanto, fatores operacionais e ambientais podem compensar essa diferença, especialmente em locais com restrições de uso do solo.
Apesar do alto potencial, a adoção da tecnologia enfrenta desafios. O estudo destaca obstáculos como o risco de cortes na geração (curtailment) por limitações na rede de transmissão, restrições operacionais das hidrelétricas e a necessidade de fontes flexíveis em períodos de baixa demanda.
Há também aspectos regulatórios e ambientais que precisam ser equacionados, como os riscos de eutrofização e impactos sobre a fauna aquática. Ainda assim, esses desafios podem ser mitigados com boas práticas, como o monitoramento ambiental contínuo e a escolha de áreas com boa circulação de água.
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