O mercado fotovoltaico global atravessa um momento de transição. Após anos de domínio da tecnologia PERC e da ascensão recente do TOPCon, os grandes fabricantes já enxergam o futuro na nova geração de células de maior eficiência. Para a Longi, uma das líderes globais do setor, essa transformação já começou, e o Brasil ocupa posição estratégica nessa jornada.
Em entrevista à pv magazine para o especial sobre módulos fotovoltaicos, o diretor comercial para utility no Brasil da Longi, Gabriel Gonçalves, detalhou a visão da empresa sobre os rumos tecnológicos da indústria, a capacidade de abastecimento para o mercado brasileiro e as expectativas para o desenvolvimento de projetos em 2025.
Segundo Gonçalves, o efeito no mercado internacional foi pontual. “Essa concentração expressiva gerou um pico de entregas no mercado chinês e, pontualmente, impactou alguns projetos internacionais. No entanto, esse cenário tem data de validade conhecida. No caso do Brasil, os impactos foram mínimos”, afirma.

Imagem: Longi
Ele destaca que contratos firmados antes do anúncio foram honrados e que as novas entregas foram planejadas com antecedência. “Trata-se de um evento pontual e limitado no tempo – com início, meio e fim, que não representa um desafio estrutural para o fornecimento ao mercado brasileiro.”
Longi já instalou mais de 5 GW no Brasil
O Brasil permanece como um dos mercados mais relevantes para a Longi, com mais de 5 GW de módulos instalados até 2024. “O país se consolidou como um dos mercados mais estratégicos globalmente, especialmente após as mudanças nas políticas de importação dos EUA”, afirma o executivo.
A capacidade global de produção da empresa é de 120 GW por ano. Embora não haja alocação por país, a logística da empresa permite atender rapidamente diferentes regiões conforme a demanda.
“Se o mercado brasileiro retomasse um ritmo de expansão próximo aos 5 GW anuais, estaríamos plenamente capacitados para atender 100% dessa demanda com confiabilidade e previsibilidade de entrega”, diz Gonçalves.
Com os preços dos módulos atingindo mínimos históricos nos últimos meses, a Longi projeta uma recuperação gradual ao longo de 2025. “Essa retomada será guiada por uma reconfiguração entre oferta e demanda global”, explica Gonçalves, destacando a retração da capacidade produtiva de fabricantes que reduziram investimentos em inovação.
Ele reforça que esse não é o caso da Longi, que investiu mais de US$ 1,1 bilhão em P&D em 2023, o equivalente a 5,96% da receita operacional. “Estamos firmes no desenvolvimento da próxima geração de tecnologias de conversão solar, como o Back Contact”, pontua.
2025 pode ser o último ano de protagonismo do TOPCon
A tecnologia TOPCon lidera o mercado atualmente, mas não por representar um salto tecnológico, segundo a Longi. “Ela exigia menor investimento e aproveitava melhor o processo produtivo anterior. Acreditamos que o TOPCon é transitório”, diz Gonçalves.
A aposta da companhia é na tecnologia Back Contact (BC), que superou barreiras técnicas e já entrou em escala produtiva. “O Hi-MO 9, lançado em 2024, marca nossa transição. Ele utiliza a tecnologia BC 2.0 e já superou 11 GW entregues globalmente até 2024”, afirma o executivo.
Um estudo prático da empresa mostrou que, em um período de oito meses, o Hi-MO 9 teve desempenho 7,74% superior em geração acumulada em relação aos módulos TOPCon. “Esse avanço técnico comprova a robustez da tecnologia BC em eficiência de conversão e energia produzida ao longo do tempo”, adiciona Gonçalves.
Back Contact x HJT: eficiência, custo e escalabilidade
A Longi também se posiciona de forma clara em relação às tecnologias emergentes. Para a empresa, o BC se mostra mais competitivo do que o HJT. “Apesar de anos no mercado, o HJT não apresentou a esperada redução de custo. Já o Back Contact demonstra viabilidade econômica real, com ganhos em escala e queda nos custos de produção”, aponta o executivo.
Além disso, o BC apresenta vantagens técnicas importantes, como melhor desempenho em baixa irradiação, coeficiente de temperatura mais baixo e maior eficiência de conversão. “São atributos essenciais na nova onda de competitividade do setor fotovoltaico”, afirma Gonçalves.
Gonçalves reconhece que 2025 não será um ano de forte expansão em projetos de grande porte no Brasil, devido a fatores como preços baixos da energia e risco de curtailment. Segundo o executivo, essas variáveis continuam limitando os investimentos em novas plantas solares centralizadas.
Mesmo assim, a empresa mantém parcerias estratégicas com players como Casa dos Ventos e CGN Brasil. “Eles seguem com planos robustos de implantação de usinas e hibridização de parques, uma tendência que ganha força”, diz Gonçalves.
Longi aposta em hidrogênio verde como nova fronteira energética
Embora reconheça o papel das baterias de armazenamento, a Longi aposta suas fichas em soluções como o hidrogênio e a amônia verdes para o transporte de energia de longo alcance.
“Hoje, temos a maior capacidade global de produção de eletrolisadores. Acreditamos fortemente no hidrogênio como vetor complementar à expansão das renováveis”, destaca Gonçalves.
Por fim, o executivo revela uma Longi confiante e preparada, não apenas para atender à crescente demanda do mercado solar brasileiro, mas também para liderar a próxima revolução tecnológica do setor.
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