Com um novo recorde mundial de eficiência em célula tandem de perovskita, 33,24%, a JinkoSolar reforça sua aposta no avanço tecnológico como motor da transição energética global. Mesmo diante de um cenário desafiador, marcado pelo crescimento acelerado da demanda interna na China e pelo aumento recente de impostos no Brasil, uma das líderes na fabricação de módulos solares fotovoltaicos, inclusive no Brasil, afirma que está preparada para seguir investindo e inovando. Em entrevista à pv magazine para o especial de módulos fotovoltaicos, o gerente de vendas da Jinko, Gervano Pereira, compartilhou projeções, posicionamentos estratégicos e defendeu ajustes regulatórios para destravar o crescimento da energia solar brasileira.
Uma das principais mudanças de cenário do setor de energia solar foi o aumento expressivo da demanda por módulos dentro da própria China, impulsionado por alterações nas políticas de preços. “Muitos fabricantes estão priorizando o abastecimento doméstico no curto prazo. Ainda assim, a Jinko está gerenciando a situação com transparência e planejamento estratégico para minimizar impactos sobre seus clientes internacionais, inclusive no Brasil”, afirma Pereira.

Imagem: JinkoSolar
Esse redirecionamento do fluxo de exportação não é exclusivo da Jinko, mas a empresa reforça que segue comprometida com o mercado brasileiro. Segundo Pereira, essa reorganização interna na China deve persistir ao menos até junho, exigindo das empresas uma gestão mais eficiente de estoques, produção e logística internacional.
Apesar dos desafios logísticos, cambiais e regulatórios, o Brasil segue no centro da estratégia da Jinko. Em 2024, a empresa entregou 3,02 GW em módulos no país, somando geração distribuída e centralizada. Isso representa cerca de 17% do volume total do mercado nacional, mantendo a empresa na liderança.
“Esse desempenho consolida nossa posição como líder de mercado e reforça nosso compromisso com o setor solar brasileiro”, destaca o gerente de vendas. Desde sua chegada ao país, a Jinko já forneceu aproximadamente 7,9 GW em projetos de geração centralizada, entre empreendimentos em operação e em construção, o que equivale à cerca de 45% da capacidade instalada brasileira nesse segmento.
Preços em alta no curto prazo, mas estabilidade à vista
O aumento da demanda chinesa também pressiona os preços internacionais dos módulos. Para o mercado brasileiro, a expectativa da Jinko é de elevação moderada ainda em 2024. “Esperamos uma elevação gradual no curto prazo, mas com estabilidade no segundo semestre e novo aumento apenas a partir de 2026”, projeta o executivo.
Esse comportamento está alinhado à sazonalidade do setor e aos reflexos das políticas internas da China sobre a cadeia global de suprimentos. A recomendação da empresa é que os players locais se preparem com planejamento antecipado para evitar gargalos logísticos e impactos financeiros inesperados.
O que vem depois da TOPCon?
A Jinko Solar tem apostado fortemente na tecnologia TOPCon como carro-chefe para os próximos anos. “TOPCon continuará sendo a tecnologia dominante em 2025 e além, devido à sua alta eficiência, bom desempenho térmico e custo-benefício cada vez mais competitivo”, aponta Pereira. Além disso, a compatibilidade dessa tecnologia com linhas de produção já existentes acelera sua adoção em escala.
Questionado sobre tecnologias emergentes como HJT (heterojunction) e Back Contact, o executivo afirma que a empresa acompanha de perto essas soluções, mas mantém o foco em TOPCon para os próximos quatro a cinco anos por conta da maturidade industrial, escalabilidade e viabilidade comercial.
No entanto, os olhos da Jinko já estão voltados para a próxima fronteira tecnológica. A empresa quebrou recentemente o recorde mundial de eficiência com células tandem de perovskita, atingindo 33,24%. “Esse avanço reforça nossa visão de longo prazo. Esperamos que a adoção comercial dos módulos tandem ocorra por volta de 2030”, antecipa o executivo.
Desafios no Brasil: impostos, qualidade e complexidade regulatória
Embora o Brasil tenha um dos maiores potenciais solares do mundo, entraves locais ainda dificultam a expansão do setor. Um dos pontos mais críticos, segundo Pereira, foi o recente aumento do imposto de importação sobre módulos, de 9,6% para 25%. “Essa medida vai na contramão da meta do governo de posicionar o Brasil como líder na transição energética”, alerta.
Além disso, o executivo chama atenção para a necessidade de controle de qualidade mais rigoroso nos módulos importados. “Há uma preocupação crescente com produtos de baixa qualidade, cuja potência real é inferior à nominal. Um sistema de fiscalização mais robusto ajudaria a proteger o mercado e garantir a confiabilidade dos projetos”, defende.
Outros obstáculos citados incluem a complexidade regulatória, os atrasos para conexão de usinas à rede, as dificuldades de financiamento e os impactos do curtailment.
Armazenamento ganha tração e reforça papel dos fabricantes
Para enfrentar desafios como o curtailment e aumentar a flexibilidade dos projetos solares, o armazenamento de energia desponta como uma solução promissora. A Jinko já atua no mercado global com o sistema SunTera, voltado para aplicações em larga escala, e vem ampliando sua estrutura local para atender à crescente demanda no Brasil.
“Estamos vendo uma valorização crescente do armazenamento no país, especialmente como resposta à limitação da produção de energia. Acreditamos que a demanda por essas soluções vai crescer em 2025, e já contamos com uma equipe dedicada no Brasil”, afirma Pereira.
A combinação entre geração solar e sistemas de armazenamento deve se tornar cada vez mais estratégica. “Essa integração não apenas maximiza a eficiência dos projetos e a estabilidade da rede, como também fortalece a resiliência energética de longo prazo”, completa.
Apesar das dificuldades do cenário macroeconômico, incluindo câmbio volátil, juros elevados e questões tributárias, a Jinko Solar mantém otimismo quanto ao futuro do setor solar no Brasil. “O país continua apresentando fundamentos sólidos de longo prazo e seguimos comprometidos em apoiar o crescimento sustentável do mercado brasileiro”, conclui Pereira.
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