O mercado está em fase de convergência de diversas tendências de energia limpa. Um exemplo é o crescimento exponencial na capacidade solar e de armazenamento implantada, juntamente com uma rápida queda nos preços de armazenamento que está tornando as baterias competitivas em termos de custo. Essas mudanças criam novas possibilidades para desenvolvedores, concessionárias e operadores de rede, não apenas no dimensionamento de energia renovável, mas também em como e quando integrar o armazenamento.
Um case excelente é o projeto de US$ 6 bilhões de energia solar mais armazenamento em andamento em Abu Dhabi, que visa fornecer 1 GW consistente de energia solar 24 horas por dia, combinando 5 GW de módulos solares com 19 GWh de armazenamento de energia.
Esse avanço tem atraído a atenção de pesquisadores interessados em entender qual é o melhor momento, do ponto de vista financeiro, para integrar baterias ao parque solar global, que já supera mais de dois terawatts em todo o mundo. Segundo suas simulações, os Estados Unidos entraram numa fase especialmente favorável da curva de custo do armazenamento: desde 2022, o valor presente líquido (VPL) da adição de baterias vem crescendo rapidamente, com projeções de retorno elevado a partir de 2027 e um pico previsto para o início dos anos 2030. A estimativa reflete não apenas a queda nos preços, mas também o impacto do crédito fiscal federal de 30% para investimentos em armazenamento.
Em mercados estratégicos, os pesquisadores identificaram que adaptar baterias a uma usina solar pode aumentar a receita em 29% a 81%.
Em The Optimal Timing of Storage Additions to Solar Power Plants, os autores Aiden Hughes, Jarred King e Dr. Eric Hittinger analisam se faz sentido, desde já, incluir infraestrutura que facilite retrofits futuros em projetos solares iniciados em 2022. A conclusão é que, a partir de 2027, a maioria das usinas solares deve se beneficiar financeiramente da integração de baterias. Assim, investir antecipadamente em componentes que viabilizem essa adição tende a compensar.
O estudo também alerta que, embora os custos das baterias continuem em queda, o ponto mais vantajoso para retrofit se dará em 2032, pouco antes do fim previsto do crédito fiscal de 30% para armazenamento de energia nos EUA.
Hittinger comentou no Bluesky que o gráfico apresentado no estudo mostra como o VPL e o dimensionamento do sistema variam conforme o ano de instalação das baterias. “De forma geral, concluímos que o melhor momento para adicionar baterias é entre cinco e dez anos a partir de agora. E que, ao esperar esse tempo, conseguimos integrar uma capacidade muito maior ao projeto solar”, explicou. “No caso da CAISO, a figura mostra o VPL e o dimensionamento de inversores e baterias para diferentes cenários de tempo.”
O artigo destaca que o momento ideal para o retrofit depende de cada mercado, considerando os sinais locais de preço, políticas públicas e limitações dos projetos. Na Califórnia, por exemplo, o modelo solar com armazenamento em grande escala já virou padrão para novos empreendimentos. Em nível nacional, os sistemas solares, baterias e projetos híbridos agora dominam as filas de interconexão, sinalizando que a energia solar emparelhada com bateria está se tornando a norma do setor.
O modelo apresentado considera variáveis como preços das baterias, dimensionamento inicial dos inversores, capacidade solar, custos regionais, perfis de geração e tarifas de energia.
Uma das descobertas mais interessantes é o valor de expandir a capacidade de interconexão, não apenas para absorver a geração solar, mas para que as baterias possam injetar energia nos horários de pico de preço, como fazem as térmicas a gás. Na Califórnia, as baterias conectadas à rede já estão aproveitando essa oportunidade.
No entanto, garantir essa capacidade adicional de conexão costuma ser mais difícil, e caro, do que instalar os equipamentos físicos. Em alguns casos, ela sequer está disponível.
Essa análise chega em um momento de forte aceleração da energia solar no mundo. Só em 2024, foram quase 600 GW instalados, e as projeções apontam para 1 TW/ano já em 2026. Nesse cenário, planejar desde já para futuras integrações com armazenamento está sendo cada vez mais visto como uma forma econômica de evitar custos elevados no futuro ou até perdas de receita. Em muitos casos, deixar de preparar os projetos para o armazenamento pode resultar em geração reduzida, e lucros perdidos.
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