Financiamento em países em desenvolvimento é desafio para transição energética global

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O investimento em energia renovável permanece concentrado, revela uma nova publicação da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena). Apenas 10% dos investimentos globais em 2023 atingiram economias em desenvolvimento, excluindo grandes mercados como Brasil, China e Índia. A falta de investimento em mercados emergentes e economias em desenvolvimento é explicada principalmente pela maior percepção de riscos nesses mercados e economias, como volatilidade cambial, instabilidade macroeconômica e incerteza política.

O cenário torna desafiadora a meta de atingir a 11,2 TW de capacidade global de energia renovável até 2030, alinhados à meta do Consenso dos Emirados Árabes Unidos. Até o final de 2024, o mundo acumulava 4,5 TW de capacidade — sendo 1,8 TW de solar. Este esforço requer um investimento acumulado de US$ 31,5 trilhões até o final da década, abrangendo capacidade de geração; eficiência e conservação de energia; bem como redes e flexibilidade.

Enquanto 38 países de economia desenvolvida, correspondendo a 14% da população mundial e a 40% do produto interno bruto global, concentraram 47% dos investimentos em transição energética em 2023, apenas 10% dos investimentos atingiram economias em desenvolvimento, onde reside quase metade da população mundial (48%). Grandes mercados em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia foram agrupados na análise e atraíram 43% dos investimentos, representando 28% da população global e 27% do produto interno bruto. 

Para equilibrar a balança e abordar as lacunas persistentes, a Irena reforça a necessidade de aumentar substancialmente os fluxos financeiros para o Sul Global. Mas também é necessário implementar reformas na forma como o apoio internacional é fornecido a esses países, com governos e parceiros de desenvolvimento alocando os recursos estrategicamente, para fortalecer estruturas políticas, regulamentações claras e a mitigação de riscos, a fim de construir um pipeline de projetos financiáveis ​​e orientados para a transição.

Do lado dos países e economias emergentes, a Irena destaca a necessidade de um planejamento energético nacional integrado para fortalecer os ambientes de investimento, com os governos desempenhando um papel fundamental na redução de riscos de investimento. A agência cita como exemplo estruturas de financiamento combinadas, em que o setor público pode fornecer pequenas quantias de capital público para mitigar riscos que o capital do setor privado ainda não consegue absorver.

Por outro lado, defende a Irena, o apoio internacional deve buscar mobilizar capital orientado para o impacto, particularmente na forma de empréstimos e subsídios concessionais de baixo custo, que não aumentem ainda mais o ônus da dívida dos países. Além disso, para atingir a meta global de transição energética, é necessário que os provedores de financiamento apoiem os desenvolvedores de projetos que têm dificuldade em garantir investimentos. Os atuais critérios rigorosos de elegibilidade favorecem, em sua maioria, projetos de grande porte bem desenvolvidos e com riscos mínimos, o que muitas vezes não ocorre em muitos países em desenvolvimento.

 

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